domingo, 21 de junho de 2015

1984 - George Orwell


George Orwell, 1903 -1950

A obra 1984 uma das mais influentes do século XX do escritor inglês George Orwell, foi escrita em 1948 (observe que o ano do nome do livro é uma inversão do ano em que foi escrito).
O romance é uma distopia (ao contrário da obra de Thomas More). Um retrato de uma sociedade totalitária, controladora da individualidade. Perversa no engessamento das subjetividades e no controle do corpo. A sexualidade era reprimida, assim como toda e qualquer ação criativa, inventiva, que fugisse do enquadramento estabelecido pelo Partido, pelo Grande Irmão (Big Brother).
Dai vem o nome do famoso reality show, onde pessoas ficam confinadas, observadas por câmeras que projetam suas imagens para quem tiver uma TV e um controle remoto na mão.
Assim também (a seu modo) era a sociedade retratada por Orwell. Só que com menos alaridos e entretenimento, e mais poder político coercitivo.
As pessoas eram observadas a todo o momento por uma teletela. Uma espécie de televisão-câmera, que além de vigiar as pessoas, passava instruções.
Todo pensamento fora dos padrões do partido era pensamentocrime. E punido com técnicas das mais horríveis, dentre elas, a lavagem cerebral, que levava as pessoas ao duplipensamento, que consistia em ter duas opiniões divergentes como verdadeiras, “abrigar simultaneamente na cabeça duas crenças contraditórias, e acreditar em ambas” 1984 (2009, p.374).
As palavras acima em itálico lembram o que hoje usamos nos hastegs, como #partiucasa etc. São termos da Novafala, língua criada para domesticar o pensamento dos indivíduos em favor dos interesses do Partido, uma espécie de esperanto do cativeiro, onde as paredes da linguagem impediam a transgressão do pensar-agir. Uma outro exemplo dessas palavras era despessoa. Significava uma pessoa que deixou de existir historicamente, por interesse do partido. Identidade, história, feitos, relatos, tudo era extinto, e o individuo se tornava uma despessoa.
A intenção do autor parece a de soar um alarme, indicando a direção que estamos indo. Que tipo de sociedade estamos construindo. Que nos priva da privacidade. Que nos faz personagens, coadjuvantes atores de nossa própria história, em prol dos poderes instituídos. Apesar de tons proféticos, esse texto literário é também uma descrição do contexto histórico do autor, que experimentava dois pós-guerras, um nazismo e ditaduras comunistas falidas pelo abuso do poder.  



SOBRE O ENREDO

A obra se dá em Londres, território da Oceânia (além da Oceânia, existiam mais dois blocos mundiais, a Eurasia e Lestásia). A sociedade era dividida em três classes: Partido Interno, Partido Externo e os Proletas (proletários – 85% da população). Winston, personagem principal do livro, 39 anos, é um membro do Partido Externo, que tinha pensamentos subversivos, desconfiava do Grande Irmão, não se enquadrava na sociedade criada pelo Partido. Amava o que era corrupto e inutilitário. Quinquilharias e antiquários. Escrevia.
Winston fazia parte do Ministério da Verdade, e sua função era apagar o passado. Isso mesmo, a sociedade de 1984 tinha o passado apagado de acordo com a vontade do poder instituído. Revistas, jornais e até livros eram editados a favor do pensamento do Grande Irmão. Os índices, as pesquisas, tudo era burlado para a manutenção da verdade do Partido.
No decorrer da estória, Winston conheceu Julia, uma moça de sexualidade livre; portanto, transgressora para os moldes sociais, que só previa o sexo para a procriação. Por ela ele se apaixonou (e ela por ele). O romance dos dois era um ato subversivo. Um grito de humanidade. Um gozo político.
Os dois se encontravam no bairro dos proletas, pois lá não tinham as tão onipresentes teletelas. Mas, ainda assim, tudo foi descoberto. E ambos severamente punidos. A punição, muito mais que física, era psicológica (psicodélica). Por instrumentos de tortura, incluindo a hipnose (submissão da mente).
Winston acabou derrotado por dentro. Findara (diante de tanta hostilidade) amando o Grande Irmão. 



FRAGMENTOS DO LIVRO

O Grande Irmão está de olho em você.
Um helicópetero, voando baixo sobre os telhados, pairou um instante como uma libélula.
Nada era ilegal visto que não havia leis.
Quem controla o passado controla o futuro; quem controla o presente controla o passado.
... as pessoas são tão hipócritas.
A privação sexual levava à histeria, desejável porque podia ser transformada em fervor guerreiro e veneração ao líder.
Havia uma conexão íntima e direta entre a castidade e a ortodoxia política.
Nossa única vida genuína repousa no futuro. Participaremos dela na condição de pó e fragmentos.
Nenhuma mudança histórica chegou a significar muito mais que uma alteração no nome dos seus senhores.
A vida privada chegou ao fim.
A realidade existe na mente humana e em nenhum outro lugar.
A Polícia das Ideias o observava como se ele fosse um besouro debaixo de uma lupa.




SLOGANS DO PARTIDO

*Guerra é paz
*Liberdade é escravidão
*Ignorância é força

INDICAÇÕES RELACIONADAS

- Utopia, Thomas More.
- Admirável Mundo Novo, aldous Huxley.